Nós achamos que conhecemos as pessoas com quem convivemos, até nos darmos conta de que elas são capazes até de justificar um fascista desde que ele prometa fazer a vontade delas.
O que eu preciso e quero falar não há ouvidos que possam ouvir. Tampouco corações que desejem sinceramente entender. Isso tem como consequência um sentimento profundo de solidão. Não fosse a certeza de ser filha de uma graça sobrenatural, não haveria motivação de vida. A sensação se ser apenas tolerada (ou pior, de ter a minha essência de vida invisibilizada por quem eu achava que me apoiaria e entenderia) dói.
Dói um monte.
Meu Deus, que dor eu sou capaz de sentir neste momento.
Apesar de a causa parecer sobretudo a política do senso comum, não é só sobre isso. É sobre a vontade de odiar, que sempre esteve ali, um pouco envergonhada e, de certo modo, secreta. Eles sempre quiseram poder me odiar. Hoje o ódio pode ser explanado, gritado a plenos pulmões e coberto de justificativas por parte do cidadão de bem, que o legitima. Frases feitas, frases que desdenham qualquer possibilidade de esclarecimento, frases sem história.
Pra quem sempre esteve ganhando, só o hoje importa.
E expor a ignorância do outro me parece tão violento, que sinto compaixão e me calo. Não quero a covardia de humilhar alguém, de devolver a violência com mais violência. Por isso, deixo ser minha a dor. Mas, ainda assim, não mais posso aceitar conviver com o que me esmaga, com o que me quer subjugada e menor.
Não sabendo mais como ou o quê dizer, só consigo elaborar o que sinto com lágrimas.
Te perdoo. Espero que você evolua. E eu também. Preciso crescer em misericórdia pra que a maldade não me machuque tanto.
Empatia. Alteridade. Nada disso parece existir. E isso causa certo desespero. No auge da dor, sinto raiva, quero dizer que você é burra, que você é um coitado, que vocês defendem os interesses de quem os vê como merda. Mer-da.
Gostaria de não sentir dor. Gostaria muito de não sentir dor. Contudo, ao mesmo tempo, comemoro o fato de ser tão humana.
A verdade é que o esclarecimento nos distanciou. E, me dói dizer isso, mas essa distância me fez bem. Agora entendo melhor as rupturas.
Rompi. Já foi.